30 de dezembro de 2006

28 de dezembro de 2006

Meninada do Sertão: um oásis de cidadania (rádio)

por Cássia Borsero*




Nova Olinda é um oásis de sons e imagens encravado no meio do silêncio do sertão cearense. A cidadezinha de apenas 12 mil habitantes - dos quais apenas mil vivem na área urbana - abriga a Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri, criado em 1992 por dois visionários com nomes quase literários, o casal Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde. Durante anos, eles pesquisaram a música e a geografia da região, reunindo objetos, mitos e lendas da Chapada do Araripe, Vale do Cariri, onde fica Nova Olinda, região rica em fósseis, objetos e pinturas rupestres. A atenção despertada por esse inusitado museu do sertanejo "pré histórico", cuja sede é a primeira casa construída em Nova Olinda em 1717, foi o estopim para a criação da Escola de Comunicação Meninada do Sertão.

É uma das experiências mais ousadas envolvendo crianças e jovens no comando de programas de rádio e TV no Brasil, com foco na recuperação e integração da cultura local às influências externas que o contato com o turismo e a própria mídia acabam trazendo.

Cerca de 70 crianças da comunidade, com idades entre 5 e 18 anos, são capacitados permanentemente a lidar com a produção de mídia, que aprendem em oficinas ministradas pelos próprios jovens que cresceram no projeto. Além de rádio e TV a Fundação também oferece atividades em editoração, artes cênicas, música e turismo.

Mais que operar uma câmera de vídeo, lidar com equipamentos de rádio, fazer um jornal ou escrever um roteiro, as crianças da Escola de Comunicação Meninada do Sertão realizam um impressionante exercício de cidadania. Aliando tradição e modernidade, o jeito do sertão com as novas tecnologias de comunicação, essa geração de comunicadores é responsável pela Rádio Casa Grande FM e a TV Casa Grande, ambas com programas diários, e também uma editora de jornais e quadrinhos. A Fundação conquistou parceiros importantes, e hoje conta com o apoio do UNICEF, o Instituto Ayrton Senna, os governos estadual e municipal e as universidades Federal do Ceará e Regional do Cariri.

Nova Olinda parece ter nascido para eternizar sua cultura pela comunicação. Como já disse Alemberg Quindins, aqui ela começou com os objetos e pinturas de seus mais antigos ancenstrais. E vai continuar viva nas histórias que suas crianças e jovens estão aprendendo a perpetuar.

UM DISCO VOADOR NO SERTÃO

"No início, o museu da Fundação começou a atrair a imprensa. Vinha repórter de rádio, de TV. A criançada ficou louca com aquilo! A mídia parecia um disco voador que tinha baixado na cidade, a gente nunca tinha visto uma câmera na vida. Aí as crianças chegaram no Alemberg e disseram que queriam aprender a filmar", recorda João Paulo Maroto, 21 anos, gerente da TV Casa Grande, que virou um "fuçador de mídia" aos 13 anos. "Por uma lei estadual de incentivo, o UNICEF cedeu a primeira câmera VHS pra gente. Foi então que começamos a brincar de fazer TV, vídeo. Eu sempre fui meio curioso, imagine um peixe que passa a vida no aquário, e de repente vê o mar", emerge João, com uma metáfora do que um dia será o sertão.

A TV Casa Grande funciona dentro da Fundação. Conta com uma equipe de quatro pessoas, entre 18 e 21 anos, e três aprendizes com 12 e 13 anos. Em um estúdio pintado de azul e uma salinha que serve como ilha de edição, as crianças aprendem a manipular a DV-CAM, uma câmera digital de vídeo, um aparelho DAT, para captação digital de áudio, e também um software de edição. No início, compraram um transmissor e uma antena, com alcance de apenas 5 quilômetros. Queriam ver a qualidade da imagem, até onde a comunidade conseguia alcançar os programas produzidos pelas crianças. Em 2001, a ANATEL acabou com a brincadeira e lacrou os transmissores. Agora, os programas produzidos são gravados e exibidos no teatro da Fundação, até sair a sonhada licença da ANATEL para operar como TV comunitária. João acredita que a Comenda de Honra ao Mérito Cultural que a TV Casa Grande ganhou do Ministério da Cultura possa ajudar.

Como em todas as atividades da Fundação Casa Grande, as crianças que querem participar dos "laboratórios de comunicação", ou seja, das oficinas ministradas pelos jovens já formados, devem demonstrar uma sincera vontade de aprender. Afinal, o manjado chamariz de "uma idéia na cabeça, uma câmera na mão" só funciona em Nova Olinda se os pequenos repórteres e produtores não estiverem brincando, mas de olho no que acontece na cidade.

"Eu acho que fazer TV aqui é também uma oficina de responsabilidade. O jovem conhece a comunidade e tem a liberdade para mostrar o que ele vê sem a interferência da grande mídia, ou da política local. Uma vez fizemos uma reportagem sobre a tradicional Festa de São Sebastiaõ, que causou grande impacto. Abordamos a descaracterização da festa, e principalmente o fato de haver crianças bebendo álcool livremente na rua. O delegado disse que viu em um momento da reportagem, e depois desmentiu. Era uma coisa que os adultos olhavam, mas, na euforia da festa, não viam", conta João.

Será que essa meninada que faz TV em pleno sertão inventa uma linguagem e uma estética próprias, ou apenas copiam os formatos que assistem na TV? Quem pensa que a TV é a única referência para esses jovens criadores de imagens vai se surpreender. Nova Olinda tem um cineclube chique no último: desfilam pela tela os mais diversos curtas brasileiros, graças a uma parceria com a Petrobras. A partir de uma certa idade, também apuram o senso estético da meninada as imagens de mestres como Tarkosvky, Bergman, Antonioni, Pasolini, Hitchcock, em sessões lotadas com até 200 pessoas.

"Os jovens da TV Casa Grande não fazem uma cópia do Jornal Nacional, eles desenvolvem uma técnica e uma linguagem próprias pela riqueza que o contato com essas referências de qualidade proporcionam. Eles começam a produzir com mais liberdade, a brincar com as imagens, e assim eles afinam o conteúdo pela estética", acredita Alemberg Quindins.

"A Fundação não forma fotógrafos, editores ou locutores de rádio. A mídia aqui é uma ferramenta de transformação. Ela amplia a imaginação, a capacidade de expressão, e também a visão sobre a realidade da comunidade", ressalta João Paulo, com a experiência de quem cresceu aprendendo a lançar um novo olhar sobre a cidade onde nasceu.

PASSEIO NO SUBMARINO AMARELO

Todos os dias, às 12h30, Valeska Cordeiro, 13 anos, chega à sede da Rádio Casa Grande FM. É ela quem comanda o programa infantil da rádio, o Submarino Amarelo, onde embarcam cerca de 20 crianças que estão aprendendo a arte de fazer rádio para outras crianças, diariamente, das 13 às 14 horas. "Eu chego, separo as músicas do dia, converso com os meninos da escolinha, e a gente decide qual vai ser o tema do dia. Aí a gente escreve o roteiro. Tem o quadro de histórias, o quadro dos aniversariantes. Às vezes eu mesma falo sobre o tema do dia, às vezes uma das crianças é quem fala". Ela costuma escolher o tema entre aqueles que considera saudável para a criançada de Nova Olinda. "A gente fala porque é bom ir à escola, porque é legal aprender a gostar de ler", explica a desinibida Valeska. "Eu gosto de fazer rádio porque a gente entra em contato com as pessoas que nos ouvem, e também porque as crianças aprendem a pensar e a ouvir músicas legais", garante a jovem locutora.

Música legal é com um dos sete irmãos de Valeska, Tontonho, de 14 anos. Guitarrista e vocalista de uma banda local, Tontonho é louco por música e apresenta diariamente o programa Som da Rua, das 14 às 16 horas. "É um programa de variedades musicais. Eu toco MPB, rock nacional, blues, jazz, reggae. Acho que tenho muita responsabilidade, pois estou ajudando a levar música de qualidade para a nossa comunidade, estilos e artistas que eles geralmente não ouvem", explica Tontonho, que se esbalda na enorme discoteca da rádio, fruto de doações permanentes.

Mêires Moreira, de 21 anos, não arreda pé da Rádio Casa Grande por nada. Produtora e locutora do programa diário Papo Cabeça, ela foi convidada pela UNESCO a fazer parte de um Grupo de Trabalho Jovem sobre AIDS. O convite gerou viagens e reuniões com outros jovens brasileiros em várias capitais." O mais importante de fazer rádio é o fato de procurar conhecimentos e transformá-los em informação para outras pessoas No meu programa, falo um pouco de tudo: água, protagonismo juvenil, DST. Na época das eleições municipais, passei a semana inteira alertando a população para não votar em troca de favor. Eu comecei aos 10 anos, fazendo o programa infantil Planeta Criança, e não parei mais. Eu sempre digo que podem tirar de mim todas as minhas atividades, menos o meu programa de rádio", avisa Mêires, que vem de uma família de 10 irmãos e hoje cursa Pedagogia na Universidade do Crato.

A gerência da Rádio Casa Grande FM está nas mãos de Cícero Ferreira Alexandre, de 22 anos, que também está no projeto desde o tempo em que a rádio funcionava ao vivo, lá pelos idos de 95, com apenas um transmissor e 4 auto-falantes nos finais de semana. Em 1998 ela foi reconhecida pela ANATEL como rádio comunitária, e tem programação diária das 5 da manhã Às 10 da noite. Hoje, a "escolinha" da rádio atende cerca de 70 crianças e jovens, com idades entre 5 e 18 anos. Para Alexandre, a experiência na rádio abre horizontes para as crianças e jovens do projeto. "A meninada chega muito acanhada, mas quando as crianças começam a falar para a comunidade onde vivem, elas mudam completamente. Mudam o jeito de falar, de se comunicar com as pessoas, de se integrar socialmente, mudam até o desempenho na escola", comemora.

O sonho de Alexandre é alçar a rádio ao status de educativa, quando poderá operar com maior alcance e chegar a toda a região do Cariri: Crato, Juazeiro, Assaré, entre outras cidades. "A gente vê muita gente de fora daqui com aquele brilho no olho, sonhando em ter um projeto como a Fundação Casa Grande na sua cidade. Acho que as pessoas percebem como os programas que a gente faz ajudam a preservar a nossa cultura", acredita Alexandre.

Alemberg Quindins, que vislumbrou esse oásis de protagonismo infanto-juvenil em pleno sertão, também celebra os resultados. "Essas crianças vêm de escolas públicas, de famílias humildes. De certa forma, criamos todo um mundo produtivo ainda na infância, incentivando a participação no meio em que elas vivem, com responsabilidade sobre a comunidade. Também criamos um pólo turístico que beneficia também as famílias dessas crianças, por meio de uma cooperativa que oferece hospedagem domiciliar aos turistas. O maior problema de qualquer comunidade é a desagregação, a dificuldade de se reunir e propor alguma coisa em benefício da coletividade. Os meninos do projeto estão aprendendo, desde muito cedo, a se reunir, se organizar e realizar um objetivo comum. E assim a cidadania se constrói", finaliza.

* Cássia Borsero é jornalista e editora do website do MIDIATIVA

20 de dezembro de 2006

FUNDAÇÃO PALMARES - MINC

Rede Palmares de Comunicação, a Cultura Negra brasileira no ar.

da Assessoria de Comunicação da www.palmares.gov.br

Um novo Brasil precisa se ver através dos meios de comunicação. A mídia deve ser um espaço onde todos os povos, todas as raças, todas as crenças possam se ver refletidos. Realizamos (Fundação Cultural Palmares/MinC) importantes contribuições para a promoção, eqüidade e diversidade de raça, gênero e faixa etária nos meios de comunicação de massa.

Somos responsáveis pela produção e edição da Revista Palmares – Cultura Afro-Brasileira. Com três edições anuais, divulgamos a produção literária de escritores, pensadores, militantes e demais intelectuais negros brasileiros. A principal publicação impressa de nossa instituição é distribuída com tiragem de 10.500 exemplares para escolas, universidades, instituições do Movimento Negro, organizações governamentais e não-governamentais.

Em parceria com a Fundação Universitária de Brasília (FUBRA), realizamos a Primeira Edição do Prêmio Palmares de Comunicação – Programas de Rádio e Vídeo. Através de edital público viabilizamos a produção de sete vídeos-documentários e 10 programas radiofônicos.

Fomos também inovadores em promover a inclusão da história e da cultura afro-brasileira através do veículo rádio. Com apoio da organização não-governamental “Criar Brasil, Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio”, a série de programas Rádio Palmares. Disponibilizamos 32 programas radiofônicos, os quais foram distribuídos para uma rede de 400 rádios comunitárias do país e também para as 3.876 emissoras do Sistema Radiobrás. Os programas enfocam temas relacionados à educação, saúde, religiosidade e cidadania para a população afro-brasileira.

Na área de vídeo, também promovemos, em conjunto com o Centro de Apoio e Desenvolvimento (CAD), o DVD O Cinema de Zózimo Bulbul, com toda a produção cinematográfica de Zózimo Bulbul, pioneiro cineasta negro brasileiro. Em conjunto com o Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO/UFBA), fomos também co-responsáveis pela produção dos vídeos História do Negro no Brasil e Cultura Afro-Brasileira, ambos projetos selecionados no Primeiro Concurso Nacional Produção de Livros e Vídeos sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

Também somos autores de cinco “spots” para rádio destinados à divulgação do Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial e da Primeira Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, promovidas em 2005. Promovemos ainda a produção de oito VTs para a Campanha de Valorização do Cidadão Negro. Resultado de convênio firmado entre a FCP com a organização não-governamental Instituto Nacional de Combate à Desigualdade Social (CODHES), teve veiculação em todas as emissoras do Sistema Radiobrás e também em emissoras estaduais.

O Portal da Fundação Cultural Palmares/MinC congrega toda a produção audiovisual, literária e um conjunto de links com informações sobre a população afro-brasileira, instituições governamentais, ONGs parceiras e outros dados. O Portal FCP é o espaço de divulgação e comunicação para toda a comunidade negra brasileira. Para contatar conosco basta clicar no sítio eletrônico www.palmares.gov.br.

RÁDIO PALMARES

do www.palmares.gov.br

Produto integrante da Rede Palmares de Comunicação, o Projeto Rádio Palmares é resutado do Convênio 010/2004, assinado entre a instituição (FCP/MinC) e as organizações não-governamentais Criar Brasil, Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio e Afirma Comunicação e Pesquisa em 16 de agosto de 2004. Ainda em execução, a ação é composta pela produção de 2.000 (dois mil) CDs, com 32 programas de rádio, com duração de 10 minutos cada um e cinco (11) spots para rádio, com tempo médio de minuto e meio cada trazendo temáticas ligadas as ações afirmativas.

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A Rádio Palmares promove a divulgação e difusão da cultura afro-brasileira, utilizando o rádio como veículo promotor de novos conceitos e conhecimentos sobre a contribuição deixada pelos afro-descendentes na formação cultural do Brasil, bem como a ampliação da visibilidade da política de Ações Afirmativas e da FCP/MinC como instituição responsável pela defesa do patrimônio material e imaterial afro-brasileiro.


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ATITUDE NEGRA
Radionovelas para falar de juventude... é nesse formato que estamos apostando para falar de temas como racismo, cotas, mercado de trabalho, estética, religião, lazer e relacionamento. Nesse novo CD estamos enviando para você radialista, cinco novelas utilizando os jovens como protagonistas. O pano de fundo da trama é um encontro de estudantes onde, de forma descontraída, leve e bem humorada são levantados temas que afirmam e valorizam a Atitude Negra no Brasil.

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01. Spots - Rap Juventude Negra e Cultura (02´)
02. Spots - Violência policial (02´)
03. Spots - Jovens e Movimento Negro (1´30´´)
04. Spots - Negro na Moda (02´)
05. Spots - Jovem negra (02´)
06. Radionovelas - Cotas - (06´)
07. Radionovelas - Mercado de Trabalho - (06´)
08. Radionovelas - Racismo - (06´)
09. Radionovelas - Estética/Religião - (06´)
10. Radionovelas - Lazer/Relacionamento - (06´)


A COR DA CULTURA - HERÓIS DE TODO MUNDO
A série Heróis de Todo Mundo faz parte do projeto educativo A Cor da Cultura. É uma parceria entre o Canal Futura, Petrobrás, Cidan, Tv Globo, Seppir, Fundação Cultural Palmares e Ministério da Educação. Disponibiliza 30 depoimentos de personalidades da cultura, política e da sociedade brasileira sobre heróis negros que compuseram a formação da história brasileira.

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01. Ademar Ferreira da Silva por Robson Caetano, atleta - (2´07´´)
02. Aleijadinho por Emanuel Araújo, escultor - (2´07´´)
03. André Rebouças por Alexandre Moreno, ator - (2´07´´)
04. Antonieta de Barros por Maria Helena Alvez Pereira, psicóloga - (2´07´´)
05. Auta de Souza por Taís Araújo - atriz (2´06´´)
06. Benjamin de Oliveira por Maurício Tizumba, ator - (2´07´´)
07. Carolina Maria de Jesus por Ruth de Souza, atriz - (2´06´´)
08. Chiquinha Gonzaga por Iléa Ferraz, atriz - (2´07´´)
09. Cruz e Souza por Maurício Gonçalves, ator - (2´07´´)
10. Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar por Milton Gonçalves, ator - (2´07´´)
11. Elizeth Cardoso por Zezé Motta, atriz - (2´07´´)
12. Jackson do Pandeiro por Flávio Bauraqui, ator - (2´06´´)
13. João Cândido por Jorge Coutinho, ator - (2´07´´)
14. José Correia Leite por Haroldo Costa, ator e escritor - (2´07´´)
15. José do Patrocínio por Nei Lopes, compositor e escritor - (2´07´´)
16. Juliano Moreira por Deusdeth Nascimento, médico ortopedista - (2´06´´)
17. Lélia Gonzáles por Sueli Carneiro, filósofa - (2´07´´)
18. Leônidas da Silva por Antonio Carlos, radialista - (2´06´´)
19. Lima Barreto por Joel Rufino dos Santos, escritor - (2´06´´)
20. Luiz Gama por Joaquim Barbosa, ministro do STF - (2´07´´)
21. Machado de Assis por Paulo Lins escritor - (2´06´´)
22. Mãe Aninha por Chica Xavier , atriz - (2´06´´)
23. Mãe Menininha do Gantois por Ângela Ferreira, professora - (2´07´´)
24. Mario de Andrade por Jards Macalé, cantor e compositor - (2´06´´)
25. Mílton Santos por Neguinho da Beija-flor, cantor - (2´07´´)
26. Paulo da Portela por Neguinho da Beija-flor, cantor - (2´07´´)
27. Pixinguinha por Toni Garrido, cantor - (2´07´´)
28. Teodoro Sampaio por Muniz Sodré,escritor - (2´05´´)
29. Tia Ciata por Leci Brandão, cantora e compositora - (2´07´´)
30. Zumbi dos Palmares por Matinho da Vila, cantor e compositor - (2´05´´)

PALMARES - A VOZ NEGRA DA CULTURA BRASILEIRA
A série Palmares apresenta dois programas radiofônicos. O primeiro programa trata da Conferência de Durban e do Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial (2005). O segundo programa aborda o Estatuto da Igualdade Racial. A série apresenta ainda mais cinco spots sobre o 20 de Novembro, Música, Teatro e Cinema, Religião e Literatura.

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01. Programa 01 - Conferência Durban / Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial - 1º bloco (4´30´´)
02. Programa 01 - Conferência Durban / Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial - 2º bloco (5´30´´)
03. Programa 02 - Estatuto da Igualdade Racial - 1º bloco (4´30´´)
04. Programa 02 - Estatuto da Igualdade Racial - 2º bloco (5´30´´)
05. Spots - Participação do Prof. Ubiratan Castro de Araújo - Presidente da Fundação Cultural Palmares - (1´45´´)
06. Spots - Participação Big Richard - Rapper, apresentador de TV e escritor - (1´30´´)
07. Spots - Participação de Vera Lopes - Atriz e diretora da companhia de teatro Caixa Preta - (1´45´´)
08. Spots - Participação do babalorixá - Pai Euclides da Casa Fanti-Ashanti - (1´45´´)
09. Spots - Participação da Escritora - Inaldete Pinheiro Andrade - (1´45´´)

2005: ANO ESPECIAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
CD especial com a veiculação de dois programas. O primeiro trata das comemorações do 13 de Maio e o segundo dá visibilidade ao Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Apresenta também cinco spots com depoimentos de autoridades governamentais e artistas sobre o Ano da Igualdade Racial.

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01. Programa 1: Comemorações do Treze de Maio - 1º bloco (4´25´´)
02. Programa 1: Comemorações do Treze de Maio - 2º bloco (5´35´´)
03. Programa 2 - Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial - 1º bloco (4´40´´)
04. Programa 2 - Ano Nacional de Promoção da Igualdade Racial - 2º bloco (5´20´´)
05. Spots - Ubiratan Castro de Araújo - Presidente da Fundação Cultural Palmares - (1´30´´)
06. Spots - Matilde Ribeiro - Ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - (1´30´´)
07. Spots - Chico César - Cantor e Compositor - (1´16´´)
08. Spots - Luiz Alberto - Deputado Federal - (1´16´´)
09. Spots - Leci Brandão - Cantora - (1´29´´)

RÁDIO PALMARES - VOLUME I
O primeiro volume da série Rádio Palmares apresenta dois programas radiofônicos e seis spots. O primeiro programa trata da África e Resistência, e o segundo programa fala do Novembro negro, a resistência da oposição e à desigualdade. Os seis spots, abordam a Cultura, Cultura Libertária, Zumbi, Racismo, Novembro Negro. A faixa bônus traz os jingles criados para o projeto.

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01. Programa 01 - África e Resistência - 1º bloco (6´13´´)
02. Programa 01 - África e Resistência - 2º bloco (8´47´´)
03. Programa 02 - Novembro Negro - 1º bloco (6´49´´)
04. Programa 02 - Novembro Negro - 2º bloco (8´11´´)
05. Spots - Cultura - (2´00´´)
06. Spots - Cultura Libertária - (2´00´´)
07. Spots - Zumbi - (2´00´´)
08. Spots - Racismo - (2´00´´)
09. Spots - Novembro Negro - (2´00´´)
10. Spots - Jingle - (2´46´´)

RÁDIO PALMARES - VOLUME II
CD Duplo com a continuidade da série Rádio Palmares. Temas como discriminação, racismo, culinária, ações afirmativas, origens musicais, religiosidade, mulheres e ritmos afro-brasileiros presentes em 15 programas de 10 minutos de duração. Os programas têm como proposta contar a história da luta do negro pela liberdade e resistência à escravidão até os dias de hoje.

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CD1 - 01. Programa 1: Ações Afirmativas - 1º bloco - (6´09´´)
CD1 - 02. Programa 1: Ações Afirmativas - 2º bloco - (3´51´´)
CD1 - 03. Programa 2: Candomblé - Culto aos Orixás - 1º bloco - (4´46´´)
CD1 - 04. Programa 2: Candomblé - Culto aos Orixás - 2º bloco - (5´14´´)
CD1 - 05. Programa 3: Quilombos Remanescentes - 1º bloco - (4´58´´)
CD1 - 06. Programa 3: Quilombos Remanescentes - 2º bloco - (5´02´´)
CD1 - 07. Programa 4: Mulheres - 1º bloco - (3´16´´)
CD1 - 08. Programa 4: Mulheres - 2º bloco - (6´44´´)
CD1 - 09. Programa 5: Ritmos Afrobrasileiros/Nordeste - 1º bloco - (4´10´´)
CD1 - 10. Programa 5: Ritmos Afrobrasileiros/Nordeste - 2º bloco - (5´50´´)
CD1 - 11. Programa 6: Culinária Afrobrasileira - 1º bloco - (3´50´´)
CD1 - 12. Programa 6: Culinária Afrobrasileira - 2º bloco - (6´10´´)
CD1 - 13. Programa 7: Capoeira - 1º bloco - (3´58´´)
CD1 - 14. Programa 7: Capoeira - 2º bloco - (6´02´´)
CD2 - 01. Programa 8: Debate: O Negro na Mídia - 1º bloco - (4´56´´)
CD2 - 02. Programa 8: Debate: O Negro na Mídia - 2º bloco - (5´04´´)
CD2 - 03. Programa 9: Literatura - 1º bloco - (4´39´´)
CD2 - 04. Programa 9: Literatura - 2º bloco - (5´21´´)
CD2 - 05. Programa 10: Trajetória Negra no Teatro - 1º bloco - (4´56´´)
CD2 - 06. Programa 10: Trajetória Negra no Teatro - 2º bloco - (5´04´´)
CD2 - 07. Programa 11: Cristianismo Negro - 1º bloco - (4´33´´)
CD2 - 08. Programa 11: Cristianismo Negro - 2º bloco - (5´27´´)
CD2 - 09. Programa 12: Rítmos Afrobrasileiros/Sudeste - 1º bloco - (4´09´´)
CD2 - 10. Programa 12: Rítmos Afrobrasileiros/Sudeste - 2º bloco - (5´51´´)
CD2 - 11. Programa 13: Saúde Física e Emocional da População Negra - 1º bloco - (5´09´´)
CD2 - 12. Programa 13: Saúde Física e Emocional da População Negra - 2º bloco - (4´51´´)
CD2 - 13. Programa 14: Artes Plásticas - 1º bloco - (4´46´´)
CD2 - 14. Programa 14: Artes Plásticas - 2º bloco - (5´14´´)
CD2 - 15. Programa 15: Debate: Violencia e Juventude - 1º bloco - (4´27´´)
CD2 - 16. Programa 15: Debate: Violencia e Juventude - 2º bloco - (5´33´´)

RÁDIO PALMARES - VOLUME III
CD Duplo com mais 15 programas de 10 minutos de duração. Nesse CD, os temas escolhidos abordam a Imprensa Negra, Juventude e Cultura, Moda e Estética, Música Urbana, Samba pelo Brasil, Lei 10.639, Esporte, Cinema, Dança, Memória Negra, Língua Portuguesa, Mercado de Trabalho, Movimentos Sociais entre outros assuntos.

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CD1 - 01. Programa 16: Samba pelo Brasil - 1º bloco - (4´31´´)
CD1 - 02. Programa 16: Samba pelo Brasil - 2º bloco - (5´29´´)
CD1 - 03. Programa 17: Lei 10.639/2003 Inclusão da Cultura Afrobrasileira - 1º bl - (4´22´´)
CD1 - 04. Programa 17: Lei 10.639/2003 Inclusão da Cultura Afrobrasileira - 2º bl - (5´38´´)
CD1 - 05. Programa 18: Esporte - 1º bloco - (6´00´´)
CD1 - 06. Programa 18: Esporte - 2º bloco - (4´00´´)
CD1 - 07. Programa 19: Moda e Estética - 1º bloco - (4´31´´)
CD1 - 08. Programa 19: Moda e Estética - 2º bloco - (5´29´´)
CD1 - 09. Programa 20: Debate: Presença Negra na Política - 1º bloco - (5´08´´)
CD1 - 10. Programa 20: Debate: Presença Negra na Política - 2º bloco - (4´52´´)
CD1 - 11. Programa 21: Língua Brasileira - 1º bloco - (5´05´´)
CD1 - 12. Programa 21: Língua Brasileira - 2º bloco - (4´55´´)
CD1 - 13. Programa 22: Mercado de Trabalho - 1º bloco - (3´50´´)
CD1 - 14. Programa 22: Mercado de Trabalho - 2º bloco - (6´10´´)
CD2 - 01. Programa 23: Debate: Jovem e Cultura - 1º bloco - (4´00´´)
CD2 - 02. Programa 23: Debate: Jovem e Cultura - 2º bloco - (6´00´´)
CD2 - 03. Programa 24: Música Urbana - 1º bloco - (4´27´´)
CD2 - 04. Programa 24: Música Urbana - 2º bloco - (5´33´´)
CD2 - 05. Programa 25: Imprensa Negra - 1º bloco - (4´56´´)
CD2 - 06. Programa 25: Imprensa Negra - 2º bloco - (5´04´´)
CD2 - 07. Programa 26: Cinema - 1º bloco - (4´58´´)
CD2 - 08. Programa 26: Cinema - 2º bloco - (5´02´´)
CD2 - 09. Programa 27: Movimento Sociais Negros - 1º bloco - (4´36´´)
CD2 - 10. Programa 27: Movimento Sociais Negros - 2º bloco - (5´24´´)
CD2 - 11. Programa 28: Dança - 1º bloco - (5´36´´)
CD2 - 12. Programa 28: Dança - 2º bloco - (4´34´´)
CD2 - 13. Programa 29: Memória Negra - 1º bloco - (4´58´´)
CD2 - 14. Programa 29: Memória Negra - 2º bloco - (5´02´´)

19 de dezembro de 2006

INFLUÊNCIA AFRICANA NO PALAVRA CANTADA

enviado por Érica Bento da Assessoria do Palavra Cantada

O CD da Palavra Cantada que mais explora os ritmos brasileiros, a grande maioria de influência africana, é o “Pé com Pé”..
As músicas podem ser ouvidas no site www.palavracantada.com.br (ver CDs).

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Pé com pé

Produzido por: Sandra Peres e Paulo Tatit

Uma viagem pela imensa profusão dos ritmos brasileiros. São dois CDs acompanhados de um libreto. O CD Pé com Pé é composto por 15 canções, onde cada uma delas é dedicada a um ritmo específico da nossa tradição musical. E o segundo Cd, o Pé na Cozinha, tem as mesmas faixas, só que reinterpretadas apenas instrumentalmente.

CD1 - 1 - Pé com pé
Sandra Peres/ Paulo Tatit

CD1 - 2 - O que é o que é?
Paulo Tatit/ Edith Derdyk

CD1 - 3 - Balé
Sandra Peres/ Zé Tatit

CD1 - 4 - Bolacha de Água e Sal
Sandra Peres/ Paulo Tatit

CD1 - 5 - Eco
Paulo Tatit/ Luiz Tatit

CD1 - 6 - Pé de nabo
Sandra Peres/ Luiz Tatit

CD1 - 7 - Menina Moleca
Paulo Tatit/ Zé Tatit

CD1 - 8 - Sol Lua Estrela
Sandra Peres/ Alice Ruiz

CD1 - 9 - Toda criança quer
Péricles Cavalcanti

CD1 - 10 - Bicicleta
Sandra Peres/ Luiz Tatit

CD1 - 11 - Taquaras
Paulo Tatit/ Luiz Tatit

CD1 - 12 - Vovô
Paulo Tatit/ Edith Derdyk

CD1 - 13 - Oiá
Sandra Peres/ Arnaldo Antunes

CD1 - 14 - Estica dobra
Paulo Santos/ Ana Lúcia Braga

CD1 - 15 - África
Sandra Peres, Paulo Tatit/ Arnaldo Antunes

CD2 - 1 - Cozinha Pé com pé
Sandra Peres e Paulo Tatit

CD2 - 2 - Cozinha O que é O que é?
Paulo Tatit e Edith Derdyk

CD2 - 3 - Cozinha do Balé
Sandra Peres e Zé Tatit

CD2 - 4 - Cozinha Água e Sal
Sandra Peres e Paulo Tatit

CD2 - 5 - Cozinha do Eco
Paulo Tatit e Luiz Tatit

CD2 - 6 - Cozinha Pé de Nabo
Sandra Peres e Luiz Tatit

CD2 - 7 - Cozinha da Menina Moleca
Paulo Tatit e Zé Tatit

CD2 - 8 - Cozinha de Sol, Lua e Estrela
Sandra Peres e Alice Ruiz

CD2 - 9 - Cozinha de Toda Criança
Péricles Cavalcanti

CD2 - 10 - Cozinha da Bicicleta
Sandra Peres e Luiz Tatit

CD2 - 11 - Trilha Sonora das Taquaras
Paulo Tatit e Luiz Tatit

CD2 - 12 - Cozinha do Vovô
Paulo Tatit e Edith Derdyk

CD2 - 13 - Cozinha Oiá
Sandra Peres e Arnaldo Antunes

CD2 - 14 - Cozinha, Estica e Dobra
Paulo Santos e Ana Lúcia Braga

CD2 - 15 - Cozinha da África
Sandra Peres, Paulo Tatit e Arnaldo Antunes


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PALAVRA CANTADA
Tel: (11) 3083-3733
E-mail: atendimento@palavracantada.com.br
http://www.palavracantada.com.br

30 de novembro de 2006

29 de novembro de 2006

ANDI ANALISA OS SUPLEMENTOS INFANTIS DOS JORNAIS

Agência de Notícias dos Direitos da Infância lança publicação sobre a cobertura dos veículos destinados às crianças

por Priscila Gonsales
no www.educarede.org.br

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Âmbar de Barros, vice-presidente da Andi, fala na cerimônia de abertura do seminário

No dia 17 de junho, a ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) reuniu em São Paulo 40 editores e repórteres de 36 suplementos infantis de jornais de todas as regiões do país. O encontro, em formato de seminário e grupos de discussão, teve por objetivo debater com os jornalistas os resultados da pesquisa "Esqueceram de Mim", uma análise inédita dos cadernos dirigidos às crianças.

O evento contou com a presença de representantes do Instituto Ayrton Senna, Unicef, Ministério da Educação e Cidade Escola Aprendiz, apoiadores do projeto. Em sua fala de abertura, a vice-presidente do Conselho Diretor da Andi, Âmbar de Barros, destacou a importância de os jornais contemplarem a cultura brasileira em suas pautas. "Os suplementos infantis precisam assumir um compromisso com a promoção da diversidade, e estimular nos leitores uma visão crítica dos meios de comunicação", ressaltou.

No período de agosto a novembro de 2001, o conteúdo de 138 edições dos cadernos de jornais dirigidos exclusivamente ao leitor mirim foi objeto de análise quantitativa e qualitativa pela equipe da Andi. Como o nome da pesquisa antecipa, a ANDI constatou que os jornais brasileiros, com raras exceções, ignoram o potencial pedagógico dos cadernos e páginas "infantis". Segundo foi apurado, os veículos vêm deixando de produzir um material mais rico e consistente no sentido de formar leitores e, mais do que isso, cidadãos. O estudo completo pode ser visto na publicação A Mídia dos Jovens, uma realização da ANDI e do Instituto Ayrton Senna, com apoio do Unicef, que traz ainda um retrato da cobertura (ao longo de todo o ano de 2001) feita pelos suplementos e revistas dirigidos aos adolescentes.

Os jornalistas que participaram do seminário produziram um documento com recomendações para que possam vir a otimizar a cobertura dos espaços destinados às crianças. O material, em fase de finalização, estará disponível em agosto, quando será enviado para todos os participantes do encontro.

ESQUECERAM DE MIM
Confira abaixo alguns resultados da pesquisa "Esqueceram de mim".
O site da ANDI disponibiliza em PDF a publicação ou pedidos podem ser feitos por e-mail.

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Jornalistas dos cadernos infantis durante grupo de discussão

:: Temas abordados pelos suplementos

· Meio ambiente - 12,7%
· Temas da atualidade - 9,7%
· Sexualidade - 0
· Relações com os pais - 0,9%
· Relações com os irmãos - 0,2%
· Brincadeiras - 0,9%
· Diferenças culturais e étnicas - 0,5%
· Portador de necessidades especiais - 0,5%
· Temas psicológicos (depressão, ansiedade, raiva) - 0,5%

:: Linguagem utilizada

· Utiliza palavras difíceis - 54,5% (desses, 8,9% trazem vocabulário)
· Sugere que o leitor se aprofunde no tema - 8,7%
· Apresenta mais de um ponto de vista - 5,7%
· Traz textos descritivos - 5,6%
· Dirige-se claramente à criança - 57%
· Não deixa claro a quem se dirigem - 34%
· Apresenta texto relacionado a jogos e passatempos - 1,4%

:: Grupos focais: o ponto de vista das crianças

· Não gostam dos nomes diminutivos "inho" e "inha"
· Deveria haver diferenciação de conteúdo por faixas etárias
· Diferenciar o que é publicidade e o que é notícia
· Faltam histórias - não gostam de terrorismo
· Usar letras maiores
· Quadrinhos - seção favorita
· Associar matérias a jogos e passatempos
· Redigir a matéria como história
· Não gostam de glossário, deve-se usar palavras simples

12/07/2002

20 de novembro de 2006

AS CRIANÇAS E OS IMPRESSOS

Entrevista concedida a Marcus Tavares Fonte: Sítio Rio Mídia
(www.multirio.rj.gov.br/portal/riomidia)

4/16/07, gabriel guimard wrote:


Pode-se dizer que a jornalista Josy Fischberg, editora-assistente do Globlinho, suplemento infantil do jornal O Globo, tem conseguido aliar a prática de sua profissão com o respaldo acadêmico. Josy acaba de defender sua dissertação de mestrado (Criança e jornalismo: um estudo sobre as relações entre crianças e a mídia impressa especializada infantil) no curso de pós-graduação de Educação (PUC-Rio).

"Minha vontade era compreender de que forma as crianças, que vivem em uma época tão marcada pela força incontestável da televisão, a mídia audiovisual, constituída por imagens em movimento e som, se relacionavam com uma mídia impressa, estática, constituída por textos corridos, fotografias e imagens", explica Josy.

Foram entrevistadas 59 crianças de duas escolas da cidade do Rio de Janeiro. Para a maioria, os jornais impressos são feios, soltam tinta, trazem textos grandes e não são nem um pouco atraentes e coloridos. "As observações dos meninos e meninas não são certas nem erradas, mas não são à toa. Para essa meninada, o jornal é uma coisa chata, mas, ao mesmo tempo, ela credita valor à publicação. As crianças acham que o jornal é fonte de informação, que é algo muito importante", revela Fischberg.
Na sede do jornal O Globo, Josy concedeu a seguinte entrevista ao RIO MÍDIA:

RIO MÍDIA - O que a motivou a estudar a interface entre as crianças e os suplementos infantis?
Josy Fischberg
- O desejo surgiu da inquietação de uma repórter. Durante os anos de 2003 e 2004, uma de minhas funções na redação do jornal em que trabalhei, O Globo, era escrever para o seu suplemento infantil, o Globinho, um caderno editado semanalmente e destinado a um público com idades entre 8 e 12 anos. Escrever, neste caso, não significava apenas redigir. O trabalho ia desde a busca e sugestão de assuntos e temas que fossem do interesse das crianças leitoras, passava pelas entrevistas e fotografias que fazíamos "na rua", em bom jargão jornalístico, e tinha, como etapas seguintes, a redação do texto, sua diagramação ao lado das imagens pertinentes e, enfim, a publicação da reportagem. Pois era o ponto final do processo descrito que, de certa forma, me incomodava. Enquanto a maioria dos jornalistas se preparava, findo o trabalho, para dar início a um novo processo - sugestão de pauta/apuração/redação -, meu maior desejo era, na verdade, partir para a casa de meus leitores de pouca idade e entrevistá-los, no intuito de saber o que pensavam sobre o material que produzíamos. Procurei então o curso de pós-graduação em Educação da PUC-Rio.

Ao ingressar no curso de mestrado, me desliguei oficialmente do jornal, embora tenha continuado a escrever esporadicamente. Com este trabalho, busquei realizar um estudo sobre as interações entre crianças e os impressos jornalísticos, em especial aqueles voltados para o público infantil. O objetivo era compreender de que forma as crianças, que vivem em uma época tão marcada pela força incontestável da televisão, a mídia audiovisual, constituída por imagens em movimento e som, se relacionavam com uma mídia impressa, estática, constituída por textos corridos, fotografias e imagens.

RIO MÍDIA - E o que foi que você constatou?
Josy Fischberg
- Antes de tudo, é preciso frisar que não podemos generalizar os resultados. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que envolveu crianças de um determinado contexto socioeconômico e cultural, de uma determinada realidade. Foram entrevistadas 59 crianças, divididas em três grupos: dois pertencentes à escola pública (alunos entre 11 e 16 anos, matriculados na 5ª série) e um terceiro ligado à escola particular (alunos entre 10 e 12 anos, matriculados na 5 e 6ª séries). Convivi três meses com os estudantes realizando oficinas. Logo de início, constatei que a televisão e a internet exerciam, sem sombra de dúvida, um maior fascínio e estavam muito mais presentes na vida das crianças do que o jornal e as revistas. Para as crianças, as publicações eram feias, soltavam tinta, traziam muitos textos grandes e não eram atraentes nem coloridos.

Na avaliação das crianças, o jornal deveria ser encadernado em espiral e tinha que ter cor, como a televisão. O apelo do audiovisual é muito forte para os usos e os desusos que as crianças fazem do impresso. Não tem mais como se desvencilhar disso. Segundo os estudantes, o jornal deveria ter mais coisas divertidas como a televisão tem.

RIO MÍDIA - Você ficou surpreendida com estas observações?
Josy Fischberg
- Desconstrui algumas percepções que tinha. Temos, por exemplo, uma visão de que as crianças gostam apenas de coisas de criança, como literatura infantil, apresentadores de programas infantis e outros diversos produtos que enquadramos para a sua faixa etária. Mas a realidade não é bem assim, pelo menos ao analisar este grupo. As meninas e os meninos gostam de coisas do mundo adulto, mas que, na prática, são coisas que estão ligadas tanto ao mundo adulto quanto ao universo das crianças dos dias de hoje. Nós é que achamos que existe esta divisão. Elas não. Assim como os adolescentes e os adultos, as crianças gostam de moda, de novela, de esporte...

O que surpreende também é que, quando os assuntos são interessantes, as crianças não se importam com o tamanho do texto da matéria. Elas lêem com prazer e sem nenhuma dificuldade, não acham o texto difícil. Se o assunto for interessante e tiver a ver com o seu dia-a-dia, a criança vai ler a reportagem independente do tamanho da matéria, da foto ou até mesmo da diagramação.

RIO MÍDIA - A pesquisa fez você repensar sua atuação como jornalista que escreve para crianças?
Josy Fischberg
- Com certeza. Defendi a dissertação em março passado. Nesse meio tempo, fui convidada para voltar para o jornal O Globo, para trabalhar, desta vez, como editora-assistente do Globinho. Depois de vivenciar esta pesquisa, aprendi algumas coisas e reformulei alguns pontos. Hoje, quebro muito mais a cabeça para pensar e produzir uma pauta do que antes. Um exemplo bem prático é a forma de escrever. Antigamente, meu texto fazia muitas perguntas para o leitor, para a criança. Era como se eu quisesse dialogar com ela. Mas durante o estudo vi que isso não é tão necessário. Isto não faz diferença. A criança, pelo que pude ver, vai ler se quiser, se o assunto for do seu agrado, se despertar algum interesse. Você não precisa, no texto, ficar chamando ou instigando a criança. Hoje, percebo que, de certa forma, acabava infantilizando o texto, a maneira de escrever.

RIO MÍDIA – Você acha que estamos presenciando, cada vez mais, a antecipação da vida adulta das crianças?
Josy Fischberg
- Não gosto de falar em antecipação da vida adulta. Penso que elas vivem num mundo diferente do que a gente viveu. Elas não são adultas. Apenas têm mais informação. Não sou tão pessimista como alguns teóricos que apontam que a infância morreu. Essas crianças têm, na prática, uma infância diferente. São crianças num mundo diferente. Cabe a nós entendê-las. Entender o raciocínio e o pensamento desta geração que tem um mundo diferente para explorar.

RIO MÍDIA - Quais são os temas abordados pelos jornais que mais agradam as crianças? Há diferença quanto ao gênero?
Josy Fischberg
- As crianças não têm muito costume de ler jornal, embora suas famílias comprem ou assinem as publicações. Os responsáveis pelos alunos da escola pública geralmente liam os jornais cariocas Extra e Expresso. Os da particular eram assinantes do jornal O Globo. Pelo que verifiquei, as crianças lêem com mais freqüência revista. Os meninos gostam daquelas que falam sobre jogos eletrônicos. Já as meninas, publicações como Capricho, Caras e Contigo. Todos lêem também, de certa forma, revistas infantis, mas é esporádico. Um detalhe interessante é que as meninas, sem nenhum tipo de problema, se interessam pelos assuntos dos meninos. Mas o contrário não acontece: os meninos se recusam a se misturar, ceder, conversar ou partilhar. Com relação ao jornal, tanto meninas quanto meninos se interessam por matérias que envolvem celebridades, matérias sobre fofocas. Não gostam de reportagens sobre economia e política.

RIO MÍDIA - Se eles pudessem refazer o jornal, o que eles modificariam?
Josy Fischberg
- Eles mudavam o aspecto físico, utilizando o papel revista e colocariam mais fotos e cor. Quanto ao conteúdo: textos mais curtos, embora eles leiam, como já disse, o que desejam e não se importam com o tamanho. Eles desejam ler também matérias mais legais e positivas. Afirmam que não gostam de ler sobre a violência. Mas é um tema recorrente quando conversamos sobre a cobertura de jornal. Eles não gostam de ver nem de ler tais assuntos, dizem que faz mal. Mas, ao mesmo tempo, se interessam por eles.

RIO MÍDIA - Diante de sua pesquisa, qual é o papel de um suplemento infantil?
Rosy Fischberg
- Apresentar o jornal de forma mais palatável possível já que as crianças, de certa forma, não gostam da publicação. As observações que elas fazem do jornal não são certas nem erradas, mas não são à toa. Para essa meninada, o jornal é uma coisa chata, mas, ao mesmo tempo, ela credita valor à publicação. As crianças acham que o jornal é fonte de informação, que é algo muito importante. Isso é muito bom!

RIO MÍDIA - Como você avalia o espaço que a grande imprensa escrita dedica às crianças?
Josy Fischberg
- Os jornais estão se dando conta da necessidade de conquistar o público infantil e de saber como lidar com ele. Acho que há pouco espaço para as crianças nos jornais. A maioria não tem nenhuma proposta ou suplemento. No caso do Rio de Janeiro, apenas o jornal O Globo tem um projeto neste sentido. Mas acredito que as empresas estão estudando, estão pesquisando uma fórmula de fazer um produto de qualidade para um público que é bastante exigente.

6 de novembro de 2006

SUPLEMENTOS INFANTIS EM JORNAL

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Folhinha, suplemento infantil da Folha de São Paulo


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Sininho, suplemento infantil do Jornal Vale do Sinos


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Revista de Quadrinhos, suplemento do O Sul


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Campanha EDUCAR É TUDO, na Zero Hora


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Meu filho, suplemento da Zero Hora


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Jardim do Diário, suplemento infantil do Diário Gaúcho


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Foca, suplemento infantil do Pioneiro da Serra

30 de outubro de 2006

29 de outubro de 2006

SUPER HERÓI - LANTERNA VERDE

Fonte: TV Magazine
http://www.tvmagazine.com.br/conteudo/arquivo/mostradesenhos.asp?serie=league

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O super herói negro do seriado de TV super amigos ou a Liga da Justiça
Quando o planeta encontra-se ameaçado por uma catástrofe global, o trabalho é demasiado para um só super-herói. Por isso, Cartoon Network traz de volta os grandes super-heróis de todos os tempos na nova série "Liga da Justiça". Os renomados amigos da Liga da Justiça da América foram chamados à luta: Superman, Batman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Mulher Gavião e Ajax retornam à tela e devem aprender a trabalhar em equipe. Juntos, eles combaterão não somente os mais temíveis invasores interestelares, como também a mais nova leva de vilões que querem conquistar o universo.

AS TRÊS ESPIÂS DEMAIS

Fonte: TV Magazine
www.tvmagazine.com.br/conteudos/arquivos

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Série de meia hora de ação-comédia de ritmo rápido, alta energia, estrelando Clover, Alex e Sam, três adolescentes de Beverly Hills que, involuntariamente se tornam agentes secretos internacionais para a WOOHP (Organização Mundial de Proteção Humana). Como agentes secretos, as meninas precisam combinar suas responsabilidades de estudantes (isto é, fazer as lições de casa no prazo ou encontrar o vestido certo para o baile de Sexta-feira) com seus deveres de espiãs (batalhar com supervilões extraterrestres e basicamente salvar o mundo

OS HERÓIS DA CIDADE

TV MAGAZINE
www.tvmagazine.com.br/conteudo/arquivo



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Protagonizada por simpáticos bonecos, Os Heróis da Cidade leva as crianças ao mundo dos heróis que as rodeiam, gente comum que tem um grande papel em sua comunidade, como o carteiro, o bombeiro, o bibliotecário e o veterinário. Com divertidas canções e vivenciando as aventuras dos bonequinhos, as crianças descobrirão a importante função que cumprem os simpáticos trabalhadores de seu bairro e o funcionamento da vida cotidiana. Esta nova produção transmite a mensagem "você também pode ser um herói".

OS GLOBTROTTERS

Fonte TV Magazine
www.tvmagazine.com.br/conteudo/arquivo


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O satélite em forma de bola de basquete metálica, através de sua alta intensidade mágica, energiza e dá ao time super poderes. Ao ouvirem a campainha que vem do céu, os Harlem Globtrotters deixam de ser super jogadores e se transformam em super heróis, usando suas habilidades atléticas para lutar contra o crime por todo o universo.

UM MALUCO NO PEDAÇO

Fonte: TV Magazine
www.tvmagazine.com.br/conteudo/arquivo


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Seriado exibido aos domingos no SBT canal 5 da TV aberta.
Will é um jovem negro que adora Rap. Sua mãe acha que ele
precisa ter uma educação mais séria e por isso o envia
para a casa dos tios.

EU A PATROA E AS CRIANÇAS

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Seriado que conta várias aventuras de uma família que vive diversas situações do cotidiano com muito bom humor, trazendo assuntos sérios como gravidez na adolescência,idepenência e responsabilibda em relação a crianças e adolescentes. Exibição: Segunda à Sexta 17:00h no Sony e aos domingos no SBT.

OS CAÇA FANTASMAS

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Mais um representante do gênero “terrir” o filme Os caça Fantasmas transformou-se em um dos maiores sucessos da década de 1980 dando origem a uma serie em desenho animado baseado no grande sucesso de bilheteria.

ZY BEM BOM

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket Exibido na rede bandeirantes no ano de 1987. O programa era apresentado por várias crianças: Aretha, Rafael Vanucci, Samantha Monteiro, Rodrigo Faro, jefferson e Juliana. Além de desenhos, eram exibidos os clipes das músicas do programa

A TURMA DO BAIRRO

O programa é dirigido a todos os níveis da sociedade, com o objetivo de informar as pessoas sobre as doenças e deficiências: suas causas, desenvolvimento, tratamento e prevenção, problemas e potencialidades das pessoas com deficiência.

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28 de outubro de 2006

A CRIANÇA NEGRA NA TELEVISÃO BRASILEIRA

enviado por Karla Guterres

www.multirio.rj.gov.br

"A criança negra é incorporada da mesma forma que qualquer personagem negro: entra como estereótipo de si mesmo, e nunca como representação de qualquer ser humano. Esse privilégio somente é dado aos brancos", Joel Zito Araújo.




No início deste mês, ao participar do I Fórum Nacional de TV’s Públicas, realizado em Brasília, o cineasta Joel Zito Araújo, consultor da Fundação Cultural Palmares, destacou que o novo modelo de TV pública deve garantir - de fato e de direito - a presença tanto do índio quanto do negro na grade da programação da tevê brasileira.

Na ocasião, Zito apresentou alguns resultados da pesquisa “Onde está o negro na TV pública?”. O estudo mostrou, por exemplo, que apenas 0,9% da programação de três emissoras públicas do país (TV Cultura, de São Paulo; Rede Brasil, do Rio de Janeiro; e TV Nacional/Radiobrás, de Brasília) foi destinado à cultura afro-brasileira. O levantamento indicou também que menos de 10% dos apresentadores são negros e que somente 5,5% dos jornalistas que atuam nas empresas são de origem afro-descendente.

Na semana passada, o RIO MÍDIA procurou o cineasta com o seguinte questionamento: se a presença do negro é tão pequena assim nestes canais públicos, o que dizer então da participação das crianças negras na TV aberta comercial? Como elas são retratadas e quais são os impactos desta exposição?


Acompanhe a entrevista:

RIO MÍDIA - Como as crianças e os jovens negros são retratados pela televisão brasileira?

Joel Zito Araújo - A televisão brasileira, privada ou pública, como regra, não dá nenhum destaque a criança negra. Temos exceções, mas a tragédia que abate os jovens negros, e, por conseqüência, a sociedade brasileira como um todo, demanda uma intencionalidade maior, uma política efetiva de promoção da auto-estima daqueles que tendem a ser representados de forma estigmatizada em nossas telinhas. Mas, os personagens mais importantes negros foram retratados como a criança adotada ou o menor abandonado. Tanto nas telenovelas dos tempos da Tupi como nas produções da Rede Globo de Televisão.


RIO MÍDIA - Estamos diante de uma visão estereotipada, preconceituosa, cheia de clichês?

Joel Zito Araújo – Sim. O grande clichê é o menor adotado ou abandonado, mas também tivemos o moleque de recados engraçado ou o jovem rapper. De uma maneira geral, o que mais quero destacar é que as crianças negras não têm família. É uma visão preconceituosa porque tende a incorporá-las de forma solitária em um elenco de brancos e muitas vezes fazendo o papel do mais inculto ou ignorante. Portanto, a criança negra é incorporada da mesma forma que qualquer personagem negro: entra como estereótipo de si mesmo, e nunca como representação de qualquer ser humano, do brasileiro comum. Esse privilégio somente é dado aos brancos.


RIO MÍDIA - Isso sempre foi assim?

Joel Zito Araújo - Sempre foi assim na história da televisão brasileira. Mas pode ser diferente, vou dar como exemplo a garota negra (Biba) da produção infantil Castelo Rá-Tim-Bum. Uma personagem linda e de sucesso.


RIO MÍDIA - Quais são as conseqüências desta abordagem para a constituição das identidades das crianças?

Joel Zito Araújo - A TV brasileira praticamente não oferece a possibilidade de nossa criança afro-descendente ter modelos que promovam a sua auto-estima, enquanto que as crianças brancas, especialmente as de padrão ariano, louras dos olhos claros, são hiper-representadas nos comerciais, nas telenovelas e nos filmes. O resultado é óbvio: enquanto a criança negra tem vergonha de sua negritude, de sua origem racial, porque cresce em um ambiente social e educacional de recusas que promovem uma auto-estima negativa, a criança branca cresce superpaparicada e com uma impressão de que é superior a todas as outras. Portanto, a sociedade - com o seu racismo - provoca distorções tanto nas crianças negras quanto nas crianças brancas.


RIO MÍDIA - Se a televisão, como dizem alguns especialistas, é o espelho da sociedade, então somos um país extremamente racista?

Joel Zito Araújo - É evidente que somos. Todos os indicadores sociais comprovam isto. O arianismo é racismo, herança hitlerista. Somos uma sociedade guiada para a promoção do branco e para a negação do afro-descendente.


RIO MÍDIA - O que pode se feito para mudar este quadro?

Joel Zito Araújo - Exigir do Governo e das elites econômicas, artísticas e intelectuais, o compromisso com políticas de reparação. Com inversões financeiras de vulto em programas educacionais, culturais e de saúde. E com cotas nas universidades.


Entrevista concedida a Marcus Tavares
Fotos - Reprodução
www.multirio.rj.gov.br

26 de outubro de 2006

DESENHO ANIMADO - THE GARY COLEMAN SHOW

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No dia 18 de setembro de 1981 estreava na NBC o desenho animado The Gary Coleman Show, um trabalho da Zephyr Productinos que rendeu 28 episódios com 30 minutos de duração cada, e que ficou apenas um ano no ar. O desenho chegou ao Brasil em 1985, recebendo o nome de Andy – O Anjinho da Guarda, quando passou a ser exibido com certo sucesso no clube da criança.

20 de outubro de 2006

Summit chega à África!

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A África está pronta para receber as pessoas da mídia internacional voltada para crianças em sua primeira vez como anfitriã da 5ª Cúpula Mundial de Mídia Para Crianças. Essa edição será sediada no Sandton Convention Centre em Joanesburgo, África do Sul do dia 24 ao dia 28 de março.

Evento que acontece a cada três anos em diferentes regiões do planeta, o World Summit começou em 1995 sediado na Austrália. As edições seguintes foram no Reino Unido, Grécia e Brasil. Esse ano, será coordenado pela Children and Broadcasting Foundation for Africa (CBFA), que começou em 1995 como um grupo engajado nas necessidades e direitos da programação infantil.

“Nossa primeira intenção foi sensibilizar os profissionais de mídia para a necessidade de programas televisivos de qualidade para crianças. Focado na implementação do Africa Charter on Children’s Broadcasting, que foi produzido após o sucesso Southern African Summit, em 1996, e do All African Summit, em 1997, como uma preparação para o 2º World Summit e com o envolvimento de delegações da infância , o Africa Charter on Children’s Broadcasting foi sancionado pela SABA (Southern African Broadcasting Association), URTNA (Union of National Radio and Television of Africa) e pela CBA (Commonwealth Broadcasting Association). O intuito é defender o acesso livre a programas de qualidade feitos especialmente para crianças e que reflita sua cultura. E mais, as crianças não devem ser exploradas pela mídia ou pela publicidade”, afirma a presidente da CBFA e do 5WSMC Firdoze Bulbulia.

A CBFA iniciou um programa para ensinar técnicas de vídeo para um grupo de crianças. A visão se materializou no 3º Summit na Grécia em 2001, no qual a UNICEF sul-africana participou da oferta de aulas de vídeo para crianças. Depois de um workshop de dois dias, sete crianças se juntaram à equipe de TV da CBFA.

Outro projeto foi o African Pen Pals (em colaboração com BMW Munich e Prix Jeunesse International), um vídeo de 10 partes com África do Sul, Nigéria, Egito, Tanzânia e Quênia; uma série de seis programas para o Summit do Terceiro Mundo e para a Conferência Panafricana para o Futuro das Crianças produzida pela equipe da CBFA; e um documentário de 20 minutos para o Dia Internacional da Criança na TV. Desde então muitas outras produções foram realizadas em colaboração com a UNICEF, SABC e a CBFA.

O Encontro
Bulbulia prossegue: “Nosso tema para o 5WSMC é Mídia como Ferramenta para Paz e Democracia Global. Há muitos outros focos no encontro, tais como o papel das organizações de tv na mídia infantil, como tvs e produtores independentes/comerciais podem aumentar o poder da Public Broadcasting Service (PBS), como regulação pode construir um ambiente positivo para os trabalhos da PBS, como a violência na mídia afeta as crianças, e apresentação de programas de saúde e HIV/AIDS, entre outros.


Do ponto de vista africano, nosso principal objetivo com o Summit é desenvolver uma rede para políticas de mídia infantil e soluções sustentáveis para programas de alta qualidade. Há o defeso de criar de um Centro Africano de Mídia para Crianças – um lugar onde a mídia infantil possa ser produzida e distribuída, onde tenha treinamento para profissionais e crianças e, depois, criar um Canal Pan Africano de Mídia para Crianças. Outro projeto é uma Aliança Africana para Mídia Infantil, que resulte em uma Aliança Global com a já organizada Aliança Latino Americana de Mídia Para Crianças.

Um a série de pré-Cúpulas foram realizadas pelo mundo desde 2004 para levantar apoio para o evento deste ano. A intenção era chamar a atenção em nível regional para apresentar o movimento Summit para todos os parceiros, assim como oferecer oportunidades na programação do Summit. A CBFA assegurou que a voz dos grupos que não estavam historicamente ligados à organização do Summit pudesse ser ouvida em participação no 5WSMC. Essas prévias geraram imenso interesse e apoio no Egito, Mali, Marrocos, Etiópia, Nigéria, Malásia, Índia, Qatar, Brasil, Cuba, Chile, Colômbia, Argentina, Holanda, Dinamarca, Suécia, Irlanda e EUA.

Ao menos 1000 delegações são esperadas para o evento e representaram mídia local e internacional, representantes da sociedade civil, ONGs, produtores de tv, representantes de vários departamentos do governo sul-africano. Trezentas crianças de 13 a 16 anos participarão em uma Cúpula Infantil.

Sob a perspectiva continental, Bulbulia nota que o Summit é uma ótima oportunidade para sul-africanos e africanos mostrarem o que o continente tem feito em termos de mídia infantil nos últimos 15 anos. “Produtores do continente estão levando as crianças a sério e fazendo programas que refletem os valores da infância africana. No entanto, nosso problema é a falta de recursos. É muito mais fácil e barato comprar programas importados do que produzir programas locais de qualidade”.

Ela afirma também que para a CBFA, como uma ONG, o desfio é mudar este paradigma para profissionais de tv e governos locais. É importante que crianças africanas se expressem, em suas línguas e com suas experiências de vida. “Os nossos governantes precisam notar que investir em programas de qualidade para essas crianças é investir em nosso progresso”.

Outros assuntos pertinentes à mídia infantil são os de publicidade e acesso a programas adultos na TV, a Internet e fenômenos como o YouTube, onde qualquer pessoa pode baixar qualquer conteúdo. “O que o Youtube oferece é muito democrático, mas não é mediado”, comenta Bulbulia. Além disso diz que “ hoje há muitos meios para assistir e participar da mídia – como blogs, iPods, celulares,etc...Nós queremos estar aptos a usar todas essas novas tecnologias para a promoção de programas de qualidade para as crianças”.

FONTE: www.midiativa.org.br

19 de outubro de 2006

Vanessa Pascale apresenta programa infantil no Canal Futura

www.terra.com.br

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Filha de um nigeriano com uma brasileira, Vanessa Melani Pascale Ekpenyong foi criada pela avô materna Nilza de Souza Oliveira com o sonho de ser modelo. Desde criança, ensinava as amiguinhas da escola a desfilar, e aos 13 anos foi descoberta pela apresentadora Monique Evans, que precisava de uma modelo negra e resolveu apostar na beleza de Vanessa. Depois, a carreira da modelo foi meteórica. Ela chegou até a dar aulas de manequim para Adriane Galisteu.

Atriz e modelo da agência Elite, Vanessa já participou de vídeoclipes do Shank, Dudu Nobre, Wilson Simoninha e Elvis Crespo. Estampou sua beleza nos comerciais das marcas Bradesco, Baccardi, Sadia e Hipoglos. Na televisão, Vanessa já fez ponta em duas novelas da Rede Globo, e antes de ingressar no reality show, se formou em interpretação na Escola Cal, em Laranjeiras, no Rio.

18 de outubro de 2006

LIVROS ANIMADOS NO CANAL FUTURA

Se você quiser ouvir histórias como a do O Menino Nito, da Menina Bonita do Laço de Fita, dos Bichos da África e de Lili - a Rainha das Escolhas é só ligar a TV no Canal Futura e assistir ao programa LIVROS ANIMADOS- Especial A Cor da Cultura! , apresentado por Vanessa Pascale

www.acordacultura.org.br

LIVROS ANIMADOS: Incentivar a leitura e levar para crianças e educadores de todo o país lendas e contos africanos e afro-brasileiros, bem como a produção dos principais autores e ilustradores nacionais, com a técnica da animação e das ilustrações dos respectivos livros. Leia a sinopse de cada programa:

Sinopses

Programa 31 – No primeiro programa da série Livros Animados, o público conhece a história O Menino Nito, sobre o menino que chorava bastante. A autora da história é Sônia Rosa e as ilustrações de Victor Tavares. As crianças que participam do programa, junto com a apresentadora Vanessa Pascale, falam sobre as diferenças entre meninos e meninas. Ainda neste programa, a história do coelho bem branquinho que faz de tudo para ficar pretinho como a menina que ele acha linda. A autora da história A Menina Bonita do Laço de Fita é Ana Maria Machado e as ilustrações de Claudius.

Programa 32 – neste programa as crianças vão conhecer os animais que vieram da África, brincam de memória e de leão fugiu. Para incrementar esta viagem, as histórias A Mosca Trapalhona, Tartaruga e o Leopardo, A Moça e a Serpente e O Cassolo e as Abelhas, do livro Bichos da África, de Rogério Andrade Barbosa. As ilustrações são de Ciça Fittipaldi.

Programa 33 – Que lembranças se tem da África? Com certeza alegria é uma delas. Na história Capoeira, Maracatu e Jongo, o público conhece três livros da autora Sônia Rosa, que mostram um pouco dessas heranças. As crianças criam instrumentos, tocam e jogam capoeira. As ilustrações são de Rosinha Campos. No mesmo programa é exibida a história Reizinho de Congo, que inspira a brincadeira de rei da festa. A autoria é de Edmilson de Almeida e as ilustrações de Graça Lima.

Programa 34 – para falar sobre a África, as crianças e a apresentadora do programa, Vanessa Pascale vão à praia. A primeira história, Contos Africanos, conta a lenda africana da eterna briga entre gato e rato. A autoria é de Rogério Andrade Barbosa e as ilustrações de Maurício Veneza. A segunda, Como as Histórias se Espalham pelo Mundo, conta sobre o ratinho que conhece variadas culturas e locais do continente africano. As ilustrações de Graça Lima acompanham a história de Rogério Andrade Barbosa.

Programa 35 – O que é um orixá? Neste programa as crianças tentam adivinhar o que significa esta palavra e conhecem duas histórias em Ifá, O Advinho : Como Ifá ganhou o cargo de adivinho e O adivinho que escapou da morte. A história é de Reginaldo Prandi e as ilustrações de Pedro Rafael.

Programa 36 – A escravidão é um episódio triste da nossa história. Mas graças aos escravos trazidos da África, a cultura brasileira ganhou muito com a culinária, danças e religiões africanas. Neste programa o público conhece duas histórias sobre escravidão: A Botija de Ouro, de Joel Rufino com ilustrações de Zé Flávio; e O Presente de Ossanha, do mesmo autor e acompanhado das ilustrações de Maurício Veneza.

Programa 37 – O tema deste programa é a diferença. Para tratar a questão, a autora Célia Godoy criou as personagens gêmeas Ana Beatriz e Ana Carolina, que na história Ana e Ana, mostram que são parecidas fisicamente mas muito diferentes no comportamento. As ilustrações são de Fê. No mesmo programa, A Pirilampéia e os Dois Meninos de Tatipurum, de Joel Rufino, conta a história de duas crianças que moram em extremos da Terra. As ilustrações são de Walter Ono.

Programa 38 – Nas histórias Bruna e a Galinha d`Angola e Berimbau, as crianças escondem presentes para o futuro e transformam o velho em novo, fazendo brinquedos da sucata. A primeira é de autoria de Gercilga de Almeida e as ilustrações de Valéria Saraiva. A segunda é da autora Raquel Coelho.

Programa 39 – neste episódio, a apresentadora Vanessa Pascale leva as crianças à praia para contar que os navios que vinham da África utilizavam a força do vento. A história é sobre o filho do vento que tem um nome bem misterioso. O autor de O Filho do Vento é Rogério Andrade Barbosa e as ilustrações de Graça Lima.

Programa 40 – Duas histórias de Elisa Lucinda, com ilustrações de Graça Lima, comemoram o dia das crianças, em 12 de outubro. São elas: O Menino Inesperado e Lili – a Rainha das Escolhas.

17 de outubro de 2006

VILA SÉSAMO

ENTREVISTA: Gary Knell (2004)

www.riosummit2004.com.br

A série televisiva “Vila Sésamo”, que encantou gerações de crianças e adultos no Brasil de 1972 a 1976, estará de volta em 2005. É o que afirma o presidente da Sesame Workshop, Gary Knell. Em entrevista exclusiva ao site da 4ª CMMCA, ele explica que a nova edição – co-produção com o Canal Futura – visa satisfazer às necessidades das crianças brasileiras – elevando a auto-estima e o interesse pelo aprendizado. Segundo ele, para assegurar a qualidade dos produtos neste mundo globalizado é preciso investir em produção, conteúdo e pesquisa. Leia a entrevista.

Como surgiu o Sesame Workshop e quais eram os seus objetivos?

Gary Knell – O Children’s Television Workshop (CTW), hoje mais conhecido pelo nome Sesame Workshop, surgiu com o trabalho do seu co-fundador Joan Ganz Cooney. No final dos anos 60, Cooney começou a usar a TV para ajudar no rendimento das crianças na escola. Já naquela época, a TV tinha um enorme impacto no dia-a-dia do público infantil. As pesquisas indicavam que as crianças gostavam e se identificavam mais com as cantigas publicitárias do que com os programas que assistiam. Cooney e sua equipe acharam então que as crianças aprenderiam conteúdos importantes se estes fossem apresentados de uma maneira atraente.

Desta experiência, surgiu o programa infantil mais assistido de todos os tempos: o Sesame Street. O programa, lançado em outono de 1969 (no dia 10 de novembro), tinha o objetivo de ensinar conhecimentos e valores para as crianças, especialmente para crianças pobres e de minorias, na faixa etária entre dois e cinco anos. Com uma duração diária de uma hora, cada episódio era minuciosamente estudado e pesquisado. Ainda hoje, o CTW continua a inovar em nome das crianças em 120 países, utilizando sua própria metodologia para assegurar que seus programas e produtos sejam atraentes e enriquecedores. O Sesame Workshop está por trás de programas premiados como “Dragon Tales”, “Sagwa”, “The Chinese Siamese Cat” e produções multimídia de imenso sucesso em Israel, Palestina, Jordânia, África do Sul e Egito.


O Sesame Workshop reúne educadores, pesquisadores, psicólogos, especialistas em desenvolvimento da criança, artistas, escritores e músicos para traduzir idéias em ação, canalizando a atração natural da criança pela mídia de forma construtiva. Este trabalho é difícil? Como ele é possível?

Gary Knell – O Sesame Workshop tem desenvolvido produtos de mídia educativos desde 1968. Desde então, acreditamos que os produtos devem ser educativos e divertidos. Para isto, investimos na produção, no conteúdo educativo e em pesquisas. Estas três ações não estão diretamente associadas, tradicionalmente, à produção de mídia. A princípio, muitos profissionais diziam que este modelo não teria sucesso devido aos diferentes panos de fundo e de valores de cada uma das três áreas. Contudo, o modelo foi eficiente e seu primeiro produto foi o Sesame Street.

No modelo do Sesame Workshop, o desenvolvimento de um projeto maior passa por diversos estágios. Seminários de pré-produção reúnem produtores, educadores e pesquisadores para definir metas curriculares e explorar formatos educacionais que sejam eficientes para atingir os objetivos traçados. Enquanto escritores e produtores preparam roteiros e outros materiais, especialistas em conteúdo e pesquisadores colaboram no refinamento dos formatos das produções, aliando os preceitos educativos e as necessidades e capacidades das crianças.

Nos estágios iniciais da produção, pesquisadores testam elementos do formato e do desenho do programa para ajudar a qualificar a produção. Quando as peças ficam prontas, os pesquisadores realizam testes para averiguar sua atratividade e compreensão. Com a produção em série terminada, investiga-se, por meio de amostras, a eficiência educacional dos programas. Em todo o processo de produção, especialistas de conteúdo verificam se os objetivos curriculares são claros em todos os aspectos da execução. O Sesame Workshop tem funcionado eficientemente por 35 anos com benefícios evidentes para a educação de crianças no mundo inteiro.

Quais são as dificuldades que o Sesame Workshop enfrenta hoje para desenvolver/produzir mídia de qualidade para crianças e adolescentes?

Gary Knell – Nossas crianças estão crescendo num mundo diferente do que vivemos há somente uma geração. Trata-se de um mundo mais global e mais complicado que apresenta novos desafios e oportunidades. Desta forma, procuramos alcançar, cada vez mais, um maior número de crianças, lançando novas iniciativas para ajudá-las a progredirem no mundo de hoje. No ano passado, participamos de uma cúpula global sobre educação na mídia. O seminário defendeu o respeito intercultural e a compreensão entre as crianças de dois a 14 anos. Participaram da cúpula grupos de educadores, pesquisadores, representantes de emissoras de TV, produtores, governos e organizações internacionais. Hoje, seja criando programação no Oriente Médio, no Japão ou na Irlanda do Norte, estamos, mais do que nunca, apresentando imagens positivas e temas como amizade e respeito.

O Sesame Workshop e o Canal Futura produzirão novos episódios de Vila Sésamo a partir de 2005. Quais serão os objetivos desta nova série?

Gary Knell – O Sesame Workshop e o Canal Futura estão se reunindo para co-produzir o Sesame Street para uma nova geração de crianças. A versão brasileira , Vila Sésamo, foi a primeira produção internacional e estreou no Brasil em outubro de 1972. Desde então, mais de 20 adaptações locais da série foram ao ar em diferentes países como Alemanha, México e África do Sul. Com 52 programas de meia hora, a nova Vila Sésamo vai incorporar um currículo inovador criado por produtores e educadores brasileiros, especialistas em desenvolvimento infantil. A idéia é satisfazer as necessidades locais das crianças. Vamos também ajudar a elevar a auto-estima do público infantil e o interesse pelo aprendizado. Direcionadas às crianças em idade pré-escolar, as lições de Vila Sésamo serão ilustradas por meio do humor, da fantasia e das situações do cotidiano.Vila Sésamo, que apresentará bonecos desenvolvidos especificamente para o Brasil, está planejado para ir ao ar no canal Futura em 2005. A série será distribuída pela Fundação Roberto Marinho para mais de dez mil instituições educativas.

Como o Sesame Workshop trabalha com as regras impostas pelo mercado e os interesses culturais, educativos e de entretenimento de cada região onde suas produções são veiculadas?

Gary Knell – Vila Sésamo, por exemplo, é uma experiência compartilhada no mundo inteiro. A chave do seu sucesso é que cada co-produção possui a essência do Sesame Street original, mas também tem sua própria forma, ritmo, humor e música extraídos da cultura local. Toda criança que assiste à série se identifica. E quando as lições refletem suas próprias experiências as crianças são beneficiadas. Produtores locais, diretores e escritores traduzem então estes objetivos em conteúdo televisivo. No Egito, por exemplo, o foco de “Alam Simsim” é na educação das meninas – em todo o país, somente metade das meninas é alfabetizada. O “Takalani Sesame”, na África do Sul, enfatiza a alfabetização, o ensino dos números e habilidades para a vida. Além disso, na última temporada, introduzimos Kami, um boneco HIV-positivo para combater o preconceito e favorecer o diálogo e a amizade entre as pessoas. Hoje, a AIDS é uma doença que afeta um de cada nove sul-africanos. Desta forma, causamos um impacto direto no dia-a-dia das populações locais – com conteúdo relevante e apropriado para cada idade.

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EUA "rejeitam" boneca HIV positiva da série "Vila Sésamo"
da Reuters, em Washington


17/07/2002 - 12h27

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Os temores dos parlamentares republicanos dos Estados Unidos foram desfeitos ontem, quando a rede pública PBS anunciou que não pretende incluir uma boneca HIV positiva no programa de TV norte-americano "Vila Sésamo".

O novo personagem criado pela Sesame Workshop, responsável pelo programa "Sesame Street" ("Vila Sésamo"), se destina apenas ao público da África do Sul.

Em carta enviada a W.J. "Billy" Tauzin e a outros senadores republicanos, o presidente da PBS, Pat Mitchell, explicou que a Sesame Workshop é uma organização independente que criou a nova boneca em conjunto com educadores sul-africanos e a Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA (Usaid).

A personagem contaminada com o vírus da Aids vai estrear em 30 de setembro no programa "Takalani Sesame", a versão sul-africana de Vila Sésamo.

"Não há planos para incorporar esse personagem ou a proposta ideológica do 'Sesame Street' na PBS", disse Mitchell.

Um assessor de Tauzin disse que o senador ficou satisfeito com a resposta e explicou que a razão de sua preocupação era simples.

"Queremos que as crianças possam ser crianças. Elas vão crescer em pouco tempo e não vão demorar a tomar conhecimento da Aids, da fome no mundo e do terrorismo. Por que não deixá-las rir e brincar por algum tempo?."

Mas a questão assume outros contornos na África do Sul, país devastado pela Aids e onde se estima que uma em cada nove pessoas esteja contaminada pelo HIV, o vírus da Aids.

A intenção é que a nova boneca humanize a imagem dos soropositivos e aidéticos, ajudando a combater o estigma ligado a eles.

"Havia um forte desejo local de incluir essa questão no programa", disse Robert Knezevic, vice-presidente de projetos internacionais da Sesame Workshop.

www1.folha.uol.com.br

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MÍDIA POSITIVA

O programa Vila Sésamo marcou a infância daqueles que hoje têm 40 anos. Criado pela ONG norte-americana Sesame Workshop, revolucionou a linguagem de programas infantis. Confira a entrevista de Gary Knell, presidente da organização.

Rets – Vila Sésamo foi um grande sucesso nos anos 70, no Brasil. Sua volta à programação certamente não se dará nos mesmos moldes de antigamente. Os tempos mudaram, as crianças mudaram. O que haverá de diferente nessa nova versão do programa?

Gary Knell – Talvez a gente possa aprender um pouco com a própria história. Vila Sésamo nasceu há 35 anos, nos Estados Unidos, para ajudar as crianças em idade escolar. Naquela época, foi concebido em um período em que se percebeu que as crianças aprendiam muito com a publicidade –jingles, canções, mensagens curtas na televisão. E a questão não era: "Será que elas estão aprendendo?". A questão era: "O que elas estão aprendendo?". Então acreditamos que seria possível utilizar as técnicas da publicidade para ensinar as letras e os números, transmitir noções de solidariedade, respeito e saúde de forma divertida, com atores e marionetes que viviam todos juntos em uma rua muito especial, com uma variedade de raças e etnias – o que era bastante incomum nos Estados Unidos, naquela época. E logo o programa começou a fazer sucesso. Em seguida, um grande número de países, incluindo o Brasil, manifestou interesse. O Brasil, aliás, foi um dos primeiros países a se aproximar, há mais de 30 anos. Os mexicanos, também.

Bem, acho que é uma resposta longa à sua pergunta, mas o que vamos fazer aqui é pegar a magia que Vila Sésamo sempre teve e criar um Vila Sésamo no século 21. Não pode ser o mesmo de 30 anos atrás porque as crianças, atualmente, são muito mais sofisticadas em termos de mídia e têm muito mais opções. Certamente, em muitas partes do Brasil, assim como na Europa e nos Estados Unidos, as crianças têm hoje a mídia à sua volta durante todo o tempo. São muitas opções de programas à disposição delas, por isso precisamos assegurar que o programa seja realmente divertido e um bom entretenimento, atraindo a atenção delas e de seus pais.

Uma das razões pelas quais acreditamos que Vila Sésamo será bem-sucedido é que vocês conhecem o programa e se lembram dele. Muitas pessoas da sua idade já são pais e talvez desejem que seus filhos também tenham a experiência de assistir ao programa que viam na infância. Por isso devemos trabalhar com nossos parceiros brasileiros para preparar um grande programa, com novos personagens. Talvez a gente traga de volta o Garibaldo... Sônia Braga participava do programa original, pode ser que ela volte para fazer um outro personagem [risos]. Mas acho que teremos condições de criar um programa inteiramente novo e que consiga captar a essência do Brasil atual. Essa é uma das grandes coisas em Vila Sésamo : não é simplesmente um desenho animado que permanece sempre igual. Ele pode mudar a cada ano, ter novos personagens e um novo formato, mantendo as crianças interessadas.

Rets – Temos atualmente muita violência na televisão, mesmo em desenhos animados voltados para crianças. E há muita polêmica sobre a violência em jogos de computadores e videogames. Diante disso, como o senhor vê a responsabilidade da mídia e das famílias?

GK – Acreditamos que existe uma responsabilidade da mídia no sentido de se dedicar a produzir programas que incentivem um comportamento mais positivo. Não gostaria de fazer críticas a programas específicos, não é nosso papel, mas em vários países mundo afora, até mesmo nos Estados Unidos, temos procurado atuar na solução de conflitos, incentivando as crianças a resolver conflitos de forma pacífica, em vez de recorrer à violência freqüentemente propagada na TV.

Estamos trabalhando agora, por exemplo, no Oriente Médio; estamos também em Kosovo, na região dos Bálcãs; e estaremos em breve na Irlanda do Norte. E sempre com um modelo focado em três coisas, quando lidamos com situações de conflito: a primeira é a auto-estima. As crianças precisam se sentir bem com elas mesmas para que possam se sentir bem com os outros. Do contrário, certamente vão querer culpar terceiros por seus problemas.

A segunda coisa é o conceito de empatia, ou seja, a capacidade de se colocar na situação do outro. Assim uma pessoa rica passa a não olhar mais para uma pessoa pobre como se ela não merecesse respeito algum; consegue se imaginar no lugar dela.
E o terceiro ponto é compreender o impacto que o que você faz pode causar nos outros, entender que existe uma conseqüência e pensar nisso antes de fazer. Dessa forma, é possível lidar com problemas como bullying [basicamente, humilhações na escola] e falar francamente sobre situações de conflito. Estamos trabalhando com esse propósito em lugares como Palestina, Israel e Bálcãs, tentando reduzir as distâncias entre os grupos étnicos por meio de uma mudança de comportamento – não à maneira dos contos de fadas, mas procurando humanizar o outro lado, pois é muito mais difícil odiar o outro quando você passa a conhecê-lo. É o que estamos tentando fazer usando a televisão, e sabemos que tanto crianças quanto adultos assistem à TV e aprendem com ela. Portanto, se vêem um comportamento agressivo, apreendem esse comportamento; se vêem crianças ou adultos trabalhando de forma construtiva na solução de um problema, acreditamos que isso também será um estímulo. É uma influência bastante positiva e nós achamos que a televisão pode ser muito útil nesse sentido.

Rets – Seria esse um conceito, digamos, universal do que poderia ser boa mídia, a despeito da diversidade mundial de valores e culturas?

GK – Exatamente. E fizemos um episódio sobre isso nos Estados Unidos, em que o Big Bird [em português: Pássaro Grande, um dos personagens criados pelo Sesame Workshop] – uma espécie de Garibaldo norte-americano, um pássaro gigante – chama um amigo, uma gaivota, para brincar. Mas a gaivota olha e percebe que existem monstros e outros animais ali e decide que não vai brincar com eles porque não são pássaros. Então Big Bird diz: "Eles são meus amigos. Se você não gosta deles, pode ir embora". Naturalmente, a gaivota resolve tentar, mas acaba não sendo divertido. A verdadeira mensagem dessa história é sobre passar por cima dos estereótipos, estimulando nas crianças um pensamento mais aberto sua experiências cotidianas. É possível utilizar essa abordagem no Brasil, em algumas questões sociais, e vamos trabalhar com nossos consultores, aqui, para fazer isso acontecer.

Rets – Gostaria que falasse um pouco sobre o projeto que vocês vêm desenvolvendo na África.

GK – A África do Sul está comemorando dez anos do fim do regime do apartheid. O Workshop está lá desde o começo, para tentar construir um novo conceito de mídia para crianças, em parceria com a rede de televisão sul-africana SABC. Criamos uma versão local do Vila Sésamo, chamada Takalani Sesame – a palavra takalani significa "seja feliz" em tshivenda, que é uma das 12 línguas oficiais do país. E o programa foi focado, num primeiro momento, em temas como diversidade, cidadania, essas questões que começavam a emergir na África do Sul naquele momento.

Na segunda temporada, nosso parceiros e o Ministério da Educação acharam que seria muito interessante mobilizar a população em torno do HIV e da Aids. Criamos um novo personagem, soropositivo, com uma participação ativa na comunidade – ela vai à escola, tem senso de humor... mas é órfã, perdeu sua mãe em decorrência da Aids. Ela usa uma corrente no pescoço com a foto da mãe e fala abertamente sobre a doença. E as crianças do programa dizem: não tratem Kami – este é o nome dela – de forma diferente de como vocês tratariam outro amigo. Eles conversam sobre o fato de ela ser soropositiva e nós temos a oportunidade de apresentar histórias sobre isso, da mesma forma que faríamos sobre uma criança fisicamente desabilitada. Afinal, uma pessoa pode estar numa cadeira de rodas e ainda assim ter uma participação ativa na comunidade. É esse o conceito: é sobre como lidar com o estigma, humanizar o outro e acabar com uma certa mitologia que existe em torno do HIV e de como ele é transmitido. Você não vai se contaminar abraçando alguém, por exemplo.

O programa teve uma grande repercussão e Carol Bellamy [diretora executiva], do Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância], deu a Kami, recentemente, o título de "Campeã das Crianças" de todo o mundo. O Unicef levou Kami à Conferência Mundial sobre Aids, em Bancoc, Tailândia, em julho de 2004, pois ela é um ícone para as crianças que têm Aids.

Não é possível dizer, neste momento, se ela estará na versão brasileira do programa. É algo que precisamos conversar com nossos consultores e parceiros.

Rets – O que o senhor conhece a respeito da mídia brasileira, em particular a televisão?

GK – Alguma coisa. Não posso dizer que seja capaz de escrever uma tese de mestrado sobre o assunto, mas claro que conhecemos o caráter comercial da mídia brasileira e o poder da Rede Globo como grande exportadora mundial de produtos, telenovelas e tudo o mais. Assim como em outros países, o panorama da mídia brasileira está se transformando com as novas tecnologias, o maior número de canais... e isso é importante para nós. Vamos trabalhar com o canal Futura e também tentar alcançar redes de televisão abertas, para chegar a um número cada vez maior de crianças.


Rets – O senhor falou em novas tecnologias e existe um grande hiato tecnológico, no que diz respeito às tecnologias de informação e comunicação, entre os países do norte e os do sul. Como o senhor acha possível reduzir essa distância?

GK – O que nós procuramos fazer é tentar usar a tecnologia apropriada, conforme as circunstâncias. Na África do Sul, em muitos lugares, as pessoas não têm acesso à televisão, não têm acesso à eletricidade – o que talvez seja o caso, aqui no Brasil, em certas localidades. Então fizemos muitas coisas usando rádio, cujo acesso é um pouco mais fácil e barato. Trabalhamos junto com uma entidade inglesa chamada Freeplay Foundation, que desenvolveu rádios a manivela, que não precisavam de pilhas ou energia elétrica. E distribuímos esses rádios em centros comunitários nas áreas mais remotas da África do Sul, de modo que elas pudessem sintonizar as transmissões do Takalani Sesame, que também tinha Kami e os demais personagens falando sobre saúde, HIV, letras e números. O rádio, portanto, é um elemento importante desse trabalho.

Também estamos distribuindo material para diferentes programas assistenciais do governo, e esse material é distribuído para a população. Enfim, o que tentamos fazer é trabalhar em conjunto com os nossos parceiros para decidir que áreas vamos focar aqui no Brasil. Uma criança que mora em Copacabana e tem acesso à internet em banda larga tem necessidades muito diferentes de outra que mora numa tribo indígena no Nordeste, portanto precisamos descobrir qual a maneira mais apropriada de chegar até elas e devemos ser um pouco flexíveis nessa aproximação. Mas somos uma organização de mídia e entretenimento, por isso vamos usá-la. A questão é: qual o modo mais apropriado de fazer uso dessa mídia?

Rets – O senhor tem filhos?

GK – Sim.

Rets – Quantos?

GK – Quatro. Por isso eu tenho estes cabelos brancos [risos]. O mais novo tem 9 anos e o mais velho, 18.

Rets – E o que ele assiste na TV?

GK – Ele é um grande fã de esportes e adora basquete. A maior parte do tempo que ele passa em frente à televisão é para ver a NBA [liga norte-americana de basquete] ou beisebol. Ocasionalmente assiste também à CNN [emissora exclusivamente jornalística] e alguns programas populares.

Rets – E qual a sua preocupação com a juventude que está sendo formada atualmente?

GK – Primeiramente, vamos falar da tecnologia e do hiato digital. Existe um grupo de crianças, de um lado, que é bombardeado pela mídia em toda a parte, que tem acesso à internet em banda larga, comunicação por satélite, celulares... e, ao mesmo tempo, há milhões de crianças sem acesso a nada disso. Para muitas crianças do mundo industrializado, a mídia está em toda a parte. Em lugares como o Japão, por exemplo, hoje as pessoas aprendem letras, números e o idioma inglês em seus celulares. E esse "trem" continua se movendo, não perde velocidade.
A mídia está cada vez mais rápida, menor e mais barata – seja no Japão, no Rio, em Nova York, em Londres, onde quer que seja. E é muito importante que exista um grupo de produtores e executivos que se empenhem em prol de uma boa mídia, com propósitos positivos. Não há razão, por exemplo, para que videogames sejam usados exclusivamente para jogos violentos ou que mostrem mulheres em situação desfavorável. Eles também podem ser usados para educar.
Em 1969, utilizamos a televisão para educar –um veículo que não era, até então, considerado apropriado para a educação. Nós mudamos isso e fizemos história, e é o que queremos fazer com as outras mídias também.

*Entrevista publicada pela Revista do Teceiro Setor, em 14 de maio de 2004.
www.multirio.rj.gov.br

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VILA SÉSAMO
Keila Jimenez

"Garibaldo & cia., agora em cores", copyright O Estado de S. Paulo, 26/10/03

"O Garibaldo amigo de Sônia Braga era azul. Nos Estados Unidos, era amarelo. Para a maioria das crianças brasileiras, o bicho metade galinha metade avestruz era cinza escuro. Sucesso na década de 70 no programa Vila Sésamo - exibido em preto-e-branco por aqui - Garibaldo vai voltar à TV brasileira falando português e da cor que as crianças quiserem, a partir de uma série de pesquisas.

Dos anos 70 para cá, não foram poucas as ameaças de canais brasileiros dispostos a trazer a turma da Vila Sésamo de volta. Nada foi além das boas intenções. Agora, o canal pago Futura acaba de fechar contrato com a Sesame Workshop, detentora dos direitos do programa, para a produção de uma nova safra do Vila Sésamo para 2004. O projeto inicial prevê a exibição de 52 programas de meia hora de duração cada e algumas mudanças em relação à primeira versão. Uma das principais preocupações, agora, é dar um conteúdo mais brasileiro ao formato e permitir que o público opine.

Garibaldo, Gugu, Ênio e Beto ganharão novo visual e um novo colega. O novato na turma deve refletir a realidade de nossas crianças e será criado de acordo com os gostos e a cultura do brasileiro. Também não haverá atores contracenando com os bonecos, como na primeira versão.

‘A produção do programa mistura pesquisa e avaliação de resultados feitas por especialistas e pedagogos preocupados com desenvolvimento infantil’, conta a coordenadora de Aquisições e Parcerias Internacionais do Futura, Paula Taborda. ‘Já estamos montando uma equipe, que terá o apoio da Sesame, para pesquisarmos como será esse novo personagem, qual o visual e as características emocionais dele’, continua. ‘Tudo será baseado nos gostos das crianças. Só sabemos que boneco brasileiro deve ser pequeno, porque já basta o Garibaldo de grandalhão’, brinca a diretora.

Mas por que demorou tanto para trazer Garibaldo de volta? Exibido no Brasil entre 1972 e 1976 pela TV Cultura e Globo, o programa é uma criação da Sesame Workshop, empresa americana que comercializa programas educativos para o mundo inteiro e que é subsidiada por algumas entidades. Os países que exibem o infantil devem seguir um manual que é uma verdadeira ‘bíblia’ dos princípios da fundação, a fim de manter as características pedagógicas, e são fiscalizados a lupa pela Sesame.

E há os custos. Além dos bonecos, todos submetidos à aprovação da matriz americana, há uma equipe de produção enorme por trás do programa - professores, pedagogos, técnicos - o que encarece muito a atração. Na primeira versão, há 20 anos, cada episódio custava US$ 7 mil.

‘A Sesame costuma financiar os custos de produção do programa, que são bem altos, nos países mais pobres, e cobra daqueles países que podem pagar’, conta a coordenadora do Futura, Paula Taborda. ‘Não conseguíamos chegar a um consenso sobre a situação do Brasil, pois possuimos uma TV muito forte e o programa será exibido em uma TV paga, porém educativa. Acertamos que será uma parceria, com divisão de custos.’

Segundo a diretora, no primeiro ano, a prioridade de renovação de contrato será do Futura. Hoje, o canal está disponível para 47 milhões de espectadores, somando os 39 milhões que têm acesso à Banda C (o Futura tem sinal aberto para parabólicas convencionais e cerca de 10 mil escolas recebem o canal gratuitamente) e os 8 milhões que assistem aos canais pagos do sistema Net e Sky.

‘Além dos programas gravados em nossos estúdios, exibiremos alguns quadros internacionais e produziremos minidocumentários com crianças brasileiras’, conta Paula Taborda. ‘Temos certeza de que o programa dará certo. É claro que vamos tentar renovar o contrato, mantê-lo em nossa programação[TEXTO]. Mas nada impede que, após a primeira temporada, um canal aberto também o compre.’

Sem comerciais - O Futura ainda não definiu quem interpretará o novo Garibaldo, mas o original, vivido pelo ator Laerte Morrone, está feliz com a volta do programa. Ele se orgulha muito de ter participado da primeira edição do infantil e diz que carregar aquela fantasia cheia de penas e uma cabeça gigante (que ele segurava com o braço estendido) e que pesava 5 quilos foi a coisa mais importante de sua vida.

Junto dele, um elenco de primeira faz qualquer marmanjo ter saudade do programa: Aracy Balabanian, que vivia Gabriela, Flávio Galvão (Antônio), Armando Bógus (Juca), Manoel Inocência (Almeida) e Sônia Braga (Ana Maria). No texto e nas músicas, obras assinadas por nomes como Renata Palotini e Chico Buarque de Holanda, que, segundo Morrone, costumavam colaborar com o programa de graça.

‘Todos queriam participar e não havia dinheiro para pagar todo mundo. O programa consumia muito e não ganhava quase nada. Havia uma cláusula no contrato que proibia a veiculação de qualquer comercial cinco minutos antes e cinco depois da atração. Nem durante podia’, conta ele. ‘O programa é mantido por entidades nos EUA e tem boa parte de sua renda revertida para instituições de caridade e voltadas para educação infantil. Eles fazem questão de dizer que não ganham nenhum centavo’, continua. ‘É tudo muito lindo, mas nada funciona sem dinheiro na TV. Foi por isso que o programa acabou, sobraram saudades e muitas histórias de um Garibaldo velho para contar.’

As histórias vividas por Morrone como Garibaldo são sensacionais, ainda mais contadas na voz dele. Em um show num estádio de Belo Horizonte (MG), havia 10 mil crianças. ‘Abriram a porta do estádio e mandaram o Garibaldo correr em direção ao centro do campo. Entrei, mas não imaginava que as 10 mil crianças estavam no gramado’, conta ele. ‘Correram todas atrás do pobre Garibaldo e começaram a arrancar as penas, a roupa, fiquei desesperado. Só pensava em cobrir meu rosto, afinal, não podia revelar a minha identidade. Garibaldo ficou depenado, mas não mostrei o meu rosto.’

Morrone conta que o Garibaldo da versão americana (lá chamado como Big Bird) possuía um monitor que o ajudava a se guiar no palco, já que a cabeça do ator fica tapada pela malha. O primo pobre brasileiro não tinha nada disso. ‘Eu contava com a boa vontade dos amigos para me guiar. Vivia com nariz machucado, de tanto dar cabeçada no estúdio’, conta Morrone. ‘Sônia Braga costumava dizer que era insuportável trabalhar comigo. Ela cansou de tomar pancadas e empurrões daquele pássaro gigante’, conta, rindo.

Só alguns anos após o fim do programa é que Morrone revelou sua identidade como Garibaldo. A princípio, conta, era uma cláusula de seu contrato que o impedia de falar, depois, foi a magia do personagem que o calou. ‘Queria manter Garibaldo vivo, fiz tudo o que pude.’ E conseguiu."

28/10/2003

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